
Criminosos que atuam nos rios do Amazonas estão adotando métodos cada vez mais sofisticados para realizar assaltos a embarcações comerciais. Agora, além de lanchas potentes e armamentos pesados, os chamados “piratas dos rios” passaram a utilizar drones para vigiar a movimentação das embarcações e planejar ataques com maior precisão.
O uso da tecnologia tem facilitado o rastreamento das rotas fluviais, permitindo que os grupos identifiquem, à distância, os alvos mais lucrativos — principalmente balsas e barcos que transportam combustíveis, como gasolina e diesel. Estima-se que entre 2020 e 2023, cerca de 7,7 milhões de litros de combustível tenham sido roubados em ações criminosas, gerando um prejuízo de mais de R$ 48 milhões às empresas de transporte da região.
Os ataques costumam ocorrer durante a noite ou nas primeiras horas da manhã, em trechos isolados dos rios onde a presença de autoridades é escassa. As quadrilhas agem de forma coordenada, cercando as embarcações com rapidez e, muitas vezes, fazendo os tripulantes reféns.
Diante dessa nova ameaça, empresas que operam na região estão investindo em estratégias de proteção. Além de reforçar a segurança com escoltas armadas, algumas embarcações passaram a contar com sistemas de rastreamento por satélite e internet via Starlink, garantindo comunicação constante mesmo nas áreas mais remotas da floresta amazônica.
As forças de segurança pública também têm intensificado a fiscalização nos principais rios do estado. A instalação de bases fixas e móveis, principalmente nos rios Solimões, Negro e Japurá, e o uso de lanchas blindadas têm reforçado a presença policial na região. Em 2024, essas ações já resultaram na apreensão de mais de 40 toneladas de drogas, o que mostra o impacto positivo das operações.
Ainda assim, os desafios permanecem grandes. A vastidão dos rios e a dificuldade de acesso a várias comunidades favorecem a ação dos criminosos. Por isso, a colaboração entre o setor privado e o poder público é vista como fundamental para combater a pirataria fluvial e garantir a segurança da navegação na Amazônia.